por Paulo Jonas de Lima Piva
O cinismo da direita não tem limites. Por isso é direita. Por nunca ter feito nada historicamente pela inclusão social, pela criação de direitos para negros, indígenas e homossexuais, a tática cínica dessa direita - que é direita exatamente porque sempre promoveu, consolidou e lucrou com as desigualdades e, portanto, não deseja o fim das discriminações, opressões, explorações e hierarquias - é reduzir o debate político à questão da corrupção, como se a corrupção fosse o único problema da sociedade brasileira.
Vemos explicitamente essa tática cínica na campanha de Aécio Neves e de sua máfia midiática. O tema da corrupção aparece na verdade como uma cortina de fumaça. O objetivo da direita tucana com isso é esconder dos eleitores que não pertencem à elite brasileira o desastre social e econômico que foram os dois governos tucanos de FHC que ele representa e que por eles tem de responder; também é tentar disfarçar o projeto antipopular que encarna, baseado no arrocho salarial, no desemprego e no enfraquecimento do Estado brasileiro e de suas políticas de inclusão e de distribuição de renda, que serão realidades caso ele vença a disputa.
Fazendo da corrupção o foco da discussão eleitoral, Aécio se livra de ter de dar satisfações acerca das ações contrárias aos interesses da maioria do povo brasileiro que ele e seu partido tomaram ao longo dos anos, como a tentativa de acabar com o Prouni e o Bolsa Família, como os votos contrários à política de aumento do salário mínimo e ao projeto de redução da jornada de trabalho. Em contrapartida, como tem telhado de vidro e rabo preso, o coronel playboy de Minas pode acabar sendo pego pela própria ratoeira.
A direção da campanha de Dilma percebeu acertadamente que, no caso de Aécio e do PSDB, a exploração do tema da corrupção, principal muleta da direita, poderia ser extremamente positiva para Dilma. E por quê? Porque não há nada na vida pregressa ou atual de Dilma que a associe à corrupção, absolutamente nada. Já quanto a Aécio e ao PSDB, por mais que a grande mídia tucana tenha tentado esconder todos os seus escândalos de corrupção, eles são muitos, e em torno de valores astronômicos, como, por exemplo, os 100 bilhões e 500 milhões de reais da privataria tucana. Portanto, insistir no tema da corrupção na propaganda eleitoral e nos debates pode sim ser uma arma poderosa da campanha de Dilma para desmascarar Aécio, mostrando a todos os indecisos e aos próprios eleitores de Aécio, que Dilma, além de competente, além de realizadora de políticas que melhoraram a vida dos mais pobres e da classe média, é sobretudo HONESTA, por mais que denuncismos sem prova como os da Petrobras, que também atingem o PSDB de Aécio, tentem atingi-la.
Em suma, Dilma e o PT vencem na comparação com Aécio e o PSDB não só nas benfeitorias sociais, na competência econômica e administrativa, mas sobretudo na questão ética. E, nessa reta final, insistir em temas escandalosos como o aeroporto que Aécio construiu nas terras de um tio com dinheiro público, o do uso que Aécio fez de verbas públicas para beneficiar a rádio e os jornais da família, ou o tema da farra de empregos públicos para beneficiar seus parentes, pode fazer a diferença num jogo cabeça a cabeça. Em outras palavras, atolada em escândalos de corrupção abafados pela sua mídia, a direita tucana usa a tática da priorização do tema da corrupção como cortina de fumaça para esconder as desgraças que cometeu no passado e as desgraças que pretende promover no futuro. No caso de Aécio pode ser uma tática suicida.
Fonte:http://www.opensadordaaldeia.blogspot.com.br/2014/10/corrupta-direita-tucana-usa-tatica-da.html
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