sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Paulo Henrique Amorim entrevista Fernando Haddad

ADVOGADO DE YOUSSEF CONFIRMA ARMAÇÃO DE VEJA

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O crime eleitoral cometido pela revista Veja, que pertence a Giancarlo Civita e é comandada pelo executivo Fábio Barbosa e pelo jornalista Eurípedes Alcântara (à dir.), foi confirmado, nesta quinta-feira, por reportagem do jornal Valor Econômico, pelo próprio advogado Antônio Figueiredo Basto, que defende o doleiro Alberto Youssef; reportagem da semana passada diz que Youssef afirmou que "Lula e Dilma sabiam de tudo"; eis, no entanto, o que aponta Figueiredo Basto: "Não houve depoimento no âmbito da delação premiada. Isso é mentira. Desafio qualquer um a provar que houve oitiva da delação premiada"; caso está nas mãos de Teori Zavascki, ministro do STF, que pode obrigar Veja desta semana a circular com direito de resposta; atentado à democracia envergonha o jornalismo

30 DE OUTUBRO DE 2014 ÀS 09:39

247 - A situação da revista Veja e da Editora Abril, que atingiu o fundo do poço da credibilidade no último fim de semana, com a capa criminosa contra a presidente Dilma Rousseff, acusada sem provas pela publicação, pode se tornar ainda mais grave.
Reportagem do jornal Valor Econômico, publicada nesta quinta-feira, revela algo escandaloso: o "depoimento" do doleiro Alberto Youssef que ancora a chamada "Eles sabiam de tudo", sobre Lula e Dilma, simplesmente não existiu.
Foi uma invenção de Veja, que atentou contra a democracia, tirou cerca de 3 milhões de votos da presidente Dilma Rousseff e, por pouco, não mudou o resultado da disputa presidencial, ferindo a soberania popular do eleitor brasileiro.
Quem afirma que o depoimento não existiu é ninguém menos que o advogado Antônio Figureido Basto, que representa o doleiro. "Nesse dia não houve depoimento no âmbito da delação. Isso é mentira. Desafio qualquer um a provar que houve oitiva da delação premiada na quarta-feira", disse ele.
Basto também nega uma versão pró-Veja que começou a circular após as eleições – a de que Youssef teria feito um depoimento e depois retificado. "Não houve retificação alguma. Ou a fonte da matéria mentiu ou isso é má-fé mesmo", acusa o defensor de Youssef.
Com isso, a situação de Veja torna-se delicadíssima. No fim de semana, a publicação passou por uma das maiores humilhações de sua história, ao ser obrigada a publicar um direito de resposta contra um candidato – no caso, a presidente Dilma Rousseff – em pleno dia de votação.
Agora, a revista pode ser condenada a circular neste próximo fim de semana com uma capa e páginas internas, também com direito de resposta. A decisão está nas mãos do ministro Teori Zavascki, que pode decidir monocraticamente – ou levar a questão ao plenário do Supremo Tribunal Federal. Mas mesmo no plenário Veja tende a perder. Afinal, como os ministros justificariam o direito de informar uma mentira, com claras finalidades eleitorais e antidemocráticas?
Veja cometeu um atentado contra a democracia brasileira, que envergonha o jornalismo, e este crime é apontado pelo próprio advogado do doleiro Youssef. Os responsáveis diretos são: Giancarlo Civita, controlador da Abril, Fábio Barbosa, presidente da empresa, e Eurípedes Alcântara, diretor de Redação de Veja.
Abaixo, reportagem do Valor Econômico sobre o caso:
Advogado de Youssef nega participação em 'divulgação distorcida'
Por André Guilherme Vieira | De São Paulo
O advogado que representa Alberto Youssef, Antonio Figueiredo Basto, negou envolvimento na divulgação de informações que teriam sido prestadas pelo doleiro no âmbito da delação premiada, sobre o conhecimento de suposto esquema de corrupção na Petrobras pela presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Asseguro que eu e minha equipe não tivemos nenhuma participação nessa divulgação distorcida", afirmou ao Valor Pro. A informação de que Dilma e Lula sabiam da corrupção na Petrobras foi divulgada na sexta-feira passada pela revista "Veja".
No mesmo dia, o superintendente da Polícia Federal (PF) no Paraná, delegado Rosalvo Ferreira Franco, determinou abertura de inquérito para apurar "o acesso de terceiros" ao conteúdo do depoimento prestado por Youssef a delegados da PF e a procuradores da República.
"Acho mesmo que isso tem que ser investigado. Queremos uma apuração rigorosa", garante Basto, que já integrou o conselho da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). "Eu não tenho nenhuma relação com o PSDB. Me desliguei em 2002 do conselho da Sanepar [controlada pelo governo do Estado]. Não tenho vínculo partidário e nem pretendo ter. Nem com PSDB, nem com PT, nem com partido algum", afirma. O Paraná é governado por Beto Richa desde janeiro de 2011. Ele foi reconduzido ao cargo no primeiro turno da eleição deste ano.
A reportagem menciona que a declaração de Youssef teria ocorrido no dia 22 de outubro. "Nesse dia não houve depoimento no âmbito da delação. Isso é mentira. Desafio qualquer um a provar que houve oitiva da delação premiada na quarta-feira", afirma, irritado, Basto. O advogado diz ser falsa a informação de que o depoimento teria ocorrido na quarta-feira para que fosse feito um "aditamento" ou retificação sobre o que o doleiro afirmara no dia anterior: "Não houve retificação alguma. Ou a fonte da matéria mentiu ou isso é má-fé mesmo", acusa o defensor de Youssef.
Iniciadas no final de setembro, as declarações de Youssef que compõem seu termo de delação premiada são acompanhadas pelo advogado Tracy Joseph Reinaldet dos Santos, que atua conjuntamente com Basto.
O Valor PRO apurou que o alvo principal da operação Lava-Jato disse em conversas informais com advogados e investigadores, que pessoalmente considerava "muito difícil" que o presidente da República não tivesse conhecimento de um esquema que desviaria bilhões de reais da Petrobras para abastecer caixa dois de partidos e favorecer empreiteiras.
"Todo mundo lá em cima sabia", teria dito o doleiro, sem, no entanto, citar nomes ou apresentar provas.
O esquema de corrupção na diretoria de Abastecimento da Petrobras teria começado em 2005, segundo a investigação e o interrogatório à Justiça Federal do ex-diretor de Abastecimento da petrolífera, Paulo Roberto Costa. Era o segundo ano do primeiro mandato do então presidente Lula. Dilma foi nomeada ministra de Minas e Energia em 2003.
Segundo a versão de Costa à Justiça, Lula teria cedido à pressão partidária para nomeá-lo diretor da Petrobras, sob risco de ter a governabilidade ameaçada pelo trancamento da pauta do Congresso. "Mesmo que essa declaração do Paulo Roberto [Costa] seja fato e que a comprovemos nos autos, qual é o crime que existe nisso?", questiona um dos investigadores da Lava-Jato. "Uma coisa é a atividade política. Outra é eventual crime dela decorrente. Toda a delação de Costa e outras que venham a ocorrer serão submetidas ao crivo do inquérito policial e da devida investigação", esclarece.
A PF também instaurou inquérito para apurar supostos vazamentos da delação premiada de Costa.
Investigações sobre vazamentos podem resultar em processo penal. No dia 21 deste mês, o deputado federal Protógenes Queiroz (PC do B-SP) foi condenado pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por violação de sigilo funcional qualificada. Queiroz, que é delegado da PF, foi responsabilizado por "vazar" informações da operação Satiagraha, deflagrada em São Paulo em 2008.
Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/158823/Advogado-de-Youssef-confirma-arma%C3%A7%C3%A3o-de-Veja.htm

Lula: “Se você olhar a Veja como um panfleto da campanha do Aécio, você ...

STF determina que José Dirceu termine de cumprir pena em casa

Por Wilson Lima , iG Brasília  - Atualizada às 

Decisão do ministro Luís Roberto Barroso acatou parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) em favor da prisão domiciliar; ex-ministro deve deixar prisão na próxima semana

O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu foi autorizado a terminar de cumprir em casa sua pena de 7 anos e 11 meses de prisão por envolvimento no escândalo do mensalão. A decisão foi anunciada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, nesta terça-feira (28).


Desde a segunda-feira da semana passada, Dirceu já tinha condições de fazer sua progressão de pena do regime semiaberto, ao qual ele está atualmente, para o regime aberto. Preso desde o dia 15 de novembro do ano passado, Dirceu somente iria progredir para o regime aberto em março do ano que vem, mas ele conseguiu descontar 142 dias de pena em função de cursos feitos na prisão, leituras e do trabalho que ele vem exercendo em um escritório de advocacia de Brasília.
Apesar da autorização do ministro Barroso, a progressão de pena somente se dará na próxima semana, quando Dirceu terá uma audiência na Vara de Execuções Penais de Brasília para saber detalhes de como será o cumprimento de pena a partir de agora.
Atualmente, o ex-ministro-chefe da Casa Civil dorme na Centro de Progressão Penitenciária, uma unidade de cumprimento de regime semiaberto e passa o dia trabalhando em um escritório de advocacia no Centro de Brasília. Com a mudança de regime, Dirceu continuará trabalhando no escritório mas poderá dormir em casa. A tendência é que ele não seja monitorado por uma tornozeleira eletrônica.
Além disso, no regime domiciliar, o preso é obrigado a ficar em casa das 21h e 5h da manhã e qualquer saída que não seja fora dos padrões deve ser autorizado pelo juiz da Execução Penal. Além disso, Dirceu não pode ser flagrado conversando com outros condenados no mesmo processo e ele precisa se apresentar bimestralmente à Vara de Execuções Penais para relatar sobre o cumprimento de sua pena.
Mesmo cumprindo pena em casa, Dirceu não pode ser flagrado portando armas, ingerindo bebida alcoólica, freqüentando bares e também não deve participar de atividades políticas públicas.
Com a liberação de Dirceu, todo o núcleo do PT condenado no mensalão passará a cumprir pena domiciliar. O ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares também já estão cumprindo pena em casa.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2014-10-28/stf-determina-que-jose-dirceu-termine-de-cumprir-pena-em-casa.html

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Entrevista com o jornalista Luiz Carlos Azenha

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Golpe: até matar o Youssef eles tentam!

Até no dia da eleição o Golpe baixo prolifera


Leia, amigo navegante, as notas da Polícia Federal:

Curitiba-PR – A Polícia Federal informa que Alberto Youssef foi hospitalizado hoje, 25.10, no início da tarde, devido a uma forte queda de pressão arterial causada por uso de medicação no tratamento de doenca cardíaca crônica.


Esta é a terceira vez que ocorre atendimento médico de urgência após a sua prisão.


São infundadas as informações de possível envenenamento.


Alberto Youssef permanecerá hospitalizado para a adequação da medicação e retornará à carceragem da Polícia Federal na Superintendência em Curitiba, após o seu pleno restabelecimento.


Assessoria de Comunicação


Polícia Federal



E hoje, domingo de manhã:

Curitiba-PR – A Polícia Federal informa que Alberto Youssef passou bem a noite e permanecerá, em princípio, internado por 48 horas, sob a escolta de Policiais Federais.


Não havendo nenhuma outra intercorrência retornará à carceragem da PF da Superintendência em Curitiba.

Comunicação Social da Polícia Federal no Estado do Paraná

Curitiba, 26 de outubro de 2014.

Tels. 41 3251-7810/ 7809 / 7813


E agora, o que se diz nas “redes sociais” do Aécio Never:

URGENTE – O doleiro Alberto Youssef acaba de FALECER depois de ser levado para um hospital na tarde deste sábado (25), em Curitiba.

O Dr. Gileno Setubal, plantonista do Hospital Cardiológico Constantinni informou a dois jornalistas que faziam plantão no hospital, o óbito. Por recomendação expressa de uma pessoa desconhecida, após ter feito o comunicado foi proibida que a informação seja divulgada até o final da votação neste domingo.


Assim como no caso Celso Daniel o PT providenciou uma queima de arquivo. Provavelmente o doleiro faleceu por envenenamento e não por enfarte como será anunciado. O mesmo PT que neste sábado fez um ato de vandalismo na sede da editora Abril, acaba de realizar mais um crime. Queima de arquivo contra que poderia depois de apresentadas as provas arruinar com a provável eleição de Dilma.


Não sei se é tempo útil, mas tente repassar esta mensagem para o mácimo de eleitores. Não podemos votar o 13 neste domingo. É endossar além a corrupção, a segunda morte de quem sabia de mais. Isso é usado no oriente médio, e em ditaduras.

Roberto Feldmen – Jornalista – DRT 0765 – RJ


Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/10/26/golpe-ate-matar-o-youssef-eles-tentam/

Enfim, reeleita: massacrada durante quatro anos por uma mídia partidarizada e inescrupulosa, Dilma vence seus massacradores com a força dos trabalhadores


por Paulo Jonas de Lima Piva

Dilma finalmente reeleita. Trata-se, porém, de um alívio e de uma festa de poucos instantes. Nem bem o resultado das urnas foi anunciado pelo TSE e a pior direita brasileira, por meio da sua máfia midiática, já pôs-se a discutir, movida pelo ressentimento e pelo ódio, o impeachment da presidenta usando o factóide do depoimento do doleiro Youssef à edição golpista de Veja. O primeiro grande abacaxi do seu segundo mandato já foi pautado.

Foram quatro anos de massacre - de muito, mas muito massacre - e também de muita covardia por parte da grande mídia que não aceitou a derrota de José Serra em 2010. Massacre e covardia nas manchetes, nos editoriais, nas reportagens, nos artigos de colunistas, nas opiniões de âncoras e comentaristas desse partido mafioso que não quer o fim das desigualdades sociais no país. Ninguém foi mais atacada, desrespeitada, achincalhada, vaiada, xingada, ofendida, humilhada, caluniada, difamada, do que a mulher, avó e presidenta de 67 anos Dilma Rousseff. No entanto, ela enfrentou todo esse massacre e toda essa covardia midiáticas durante os quatro anos do seu primeiro mandato do mesmo modo que enfrentou seus torturadores na ditadura. Não se vergou nunca.

Em junho de 2013 eclodiram as micaretas facebookianas da esquerdinha punheta em sociedade prática com o fascismo black bloc e com o gigante coxinha acordado, que a máfia midiática e a pior direita souberam canalizar muito bem contra a imagem da presidenta e do PT. Mais massacre, mais desgaste, porém, mesmo lá embaixo nas pesquisas de popularidade, Dilma resistiu firme e ponderada. 

Um ano depois veio a Copa. Grande mídia, coxinhas, fascismo black bloc e esquerdinha punheta fizeram a festa para a direita tucana com a idiotice do "Não vai ter copa". Vaiada no estádio, sabotagens mil para o evento desmoronar, seleção brasileira perdeu na final, e Dilma, bastante atingida, sobreviveu a mais uma sessão de tortura.  

Depois de tudo isso, as eleições presidenciais. Ódio insano ao PT e ao governo, manipulações midiáticas aos montes. Em outras palavras, mais massacres. Mesmo assim, Dilma nunca se fez de vítima nem de coitada. Enfrentou toda pressão com a mesma firmeza da época da tortura, inclusive, no último momento, indo para o confronto aberto, mano a mano, com a toda-poderosa Veja, e virando o resultado no final da campanha.

Em suma, a despeito dos massacres e das covardias de toda ordem que sofreu, Dilma venceu a eleição, derrotou com o voto dos trabalhadores e dos setores mais progressistas da sociedade os seus massacradores.


Fonte: http://www.opensadordaaldeia.blogspot.com.br/2014/10/enfim-reeleita-massacrada-durante.html

Caetano Veloso - Odeio

domingo, 26 de outubro de 2014

Danny Glover apoia Dilma

O TSE e a descoberta do programa de fraude nas urnas eletrônicas




Jornal GGN - Há menos de três meses, um jovem hacker recém formado pela Universidade de Brasília acessou o sistema das urnas eletrônicas no TSE e descobriu, entre 90 mil arquivos, um software que possibilita a instalação de programas fraudados: o “Inserator CPT”. A ação foi planejada pela CMind (Comitê Multidisciplinar Independente), formado por especialistas em tecnologia.
A advogada Maria Aparecida Cortiz, que participa do grupo, articulou a estratégia dentro do Tribunal Superior Eleitoral, representando o PDT, depois que o presidente da Corte Dias Toffolli anunciou que não abriria edital para testes nas urnas das eleições 2014. “Não vai fazer teste? Então vamos por um hacker lá dentro para descobrir o que tem de errado”, disse em entrevista ao GGN.
Cortiz descobriu outra brecha no sistema: além do Inserator, o programa comandado pela empresa Módulo Security S/A – conforme relato do GGN a única proprietária do serviço por 13 anos com contratos irregulares – é transmitido de Brasília para os estados por meio da insegura rede da Internet.
As denúncias de irregularidades foram enviadas ao TSE em uma petição. Entretanto, a petição não virou processo e foi arquivada por um juiz da Secretaria de Informática. Além da omissão do próprio ministro Dias Toffoli, a advogada ainda denuncia o desaparecimento de quatro páginas do documento. “É o crime perfeito. O réu julga suas próprias ações”, conclui.
Leia a entrevista completa:
Procurador-geral Rodrigo Janot, a advogada Maria Cortiz e o ministro Dias Toffoli, durante cerimônia de lacre do software em setembro de 2014
GGN: Como seria fazer uma auditoria preventiva para evitar as fraudes eleitorais?
O problema do TSE é a concentração do poder. Para fazer uma auditoria, temos os limitadores que eles próprios nos impõem.
Uma auditoria no software é inócua, porque é muito cara, muito demorada e existem sempre as cotas do fundo. E a gente não conseguiria ter certeza que tudo o que a gente pediu seria implementado e que estaria sendo usado no dia da votação.
GGN: E o processo de auditoria feito em janeiro de 2013, investigando as licitações da Módulo Security S.A.?
Todas as licitações foram feitas para manter a Módulo. Isso é fato, notório, público, poraquelas consultas que eu fiz nos Diários Oficiais, que são documentos públicos, que todos os procedimentos foram feitos para manter a empresa Módulo lá dentro, no TSE. O que é a empresa Módulo? É responsável pela segurança do sistema. É responsável pelos SIS, um sistema de instalação de segurança, é o primeiro sistema que confirma as assinaturas para validar os programas que são colocados na urna.
O TSE, com a concentração de poderes, não deixa a gente fazer nada e a gente não tinha mais solução para tentar mudar esse sistema. Aí eu propus para o grupo, que é o CMind [Comitê Multidisciplinar Independente], em que o Pedro Rezende e o Diego Aranha também trabalham, e que a gente milita. Propus a eles que a gente colocasse um hacker dentro do TSE. Eu falei: consigam a pessoa, que eu vou ficar com ele lá dentro, dar as dicas, porque, embora a minha formação não seja técnica, estou lá há muitos anos, eu sei como funciona.
O Diego e o Pedro escolheram um menino chamado Gabriel Gaspar, que foi aluno deles na UNB. Em agosto, conseguiu ir. Por orientação, ele foi trilhando o mesmo caminho do Diego no código fonte. Diego Aranha é aquele técnico da UNB, professor que descobriu o desembaralhamento dos votos, que dava para identificar o eleitor. Então, o Diego orientou, disse o caminho, o que era importante.
A gente descobriu, no meio de 90 mil arquivos, um artefato (a gente chamou assim) no sistema de segurança, que é desenvolvido pela Módulo. Achamos que aquilo era importante, e fizemos todo um estudo. Para que ele serve? O ministro [Toffoli] assina um programa, manda para os outros ministros, Ministério Público e OAB assinarem, envia esse programa para os estados, e só poderia funcionar nas urnas esses que vieram de Brasília, concorda? Só que usando o "Inserator" podem ser instalados programas na urna, assinados por esse artefato. Ele está apto a validar programas não oficiais. Foi uma descoberta muito importante. Isso foi agora, dia 4 de setembro.
Em 2013, eu não sabia como que eles faziam, quando eu fiz o estudo da licitação da Módulo, sabia que a empresa estava usando alguma coisa, mas não o que era. Neste ano, nas eleições 2014, eu descobri como o programa foi utilizado, lá em Londrina, em 2012: com o Inserator. A gente descobriu o nome dele e onde ele estava: dentro do sistema de segurança, é um subsistema.
GGN: E o resultado disso?
Cópia da Petição enviada à OAB
A partir daí, fiz uma petição com o ministro Dias Toffoli, explicando que, além disso, que é gravíssimo, tem outras vulnerabilidades. Descobrimos outra coisa muito, muito ruim: a Justiça Eleitoral não está usando mais aquela rede super segura, que sempre disseram que nada tem conexão com a internet, não é?

Só que eu pedi para fazer um teste lá [no sistema de urnas do TSE] e eles toparam, mas não sabiam a minha intenção com esse teste, não sabiam que eu estava com um hacker. Eu pedi para fazer o teste questionando se um computador que gera mídia – a mídia é aquele pendrive que vai carregar a urna – pode estar conectado à internet. Pedi: quero que façam o teste, um computador conectado e um não conectado. Aí eles falaram: nós vamos fazer, mas não tem sinal nenhum, porque nós usamos a internet.
Então, os programas que estão vindo para os estados, que são assinados, criptografados, vêm via internet. Não tem mais a rede hiper super segura. Eles próprios pagaram uma fortuna para abrir a rede, e abandonaram, porque ela não é segura de jeito nenhum.
Olha a situação: o Inserator existe, está dentro do SIS, o SIS é instalado no computador da Justiça Eleitoral, o computador da Justiça Eleitoral está conectado à internet. A pessoa que conhece o Inserator puxa um programa da Internet, as pessoas não sabem de onde veio aquele programa, assina no teclado e coloca na urna. Que dificuldades tem isso?
O partido político, o fiscal, o juiz que estiver lá não percebe. Não dá para perceber a diferença de colocar um programa original de um fraudado. Porque a justiça eleitoral confessou que precisa da Internet para gerar mídia.
GGN: Qual foi a consequência da petição?
Tudo que entra na Justiça vira processo. A minha petição foi para o juiz auxiliar secretário da presidência, julgada com um parecer da secretaria de informática, e mandada para o arquivo. Ela não tinha capa, não tinha número, só tinha número de protocolo, não virou processo. Eles tinham que, de qualquer maneira, desaparecer com isso, eles não podiam colocar como visível para outras pessoas. Tanto é que, você como jornalista, não encontra porque não fizeram número, não fizeram processo. É só um número de protocolo qualquer. [Anexo o acompanhamento processual no TSE]
Qual seria o trâmite, de acordo com a resolução: apresentada a impugnação, é escolhido um relator, o relator leva para a mesa, para julgar. E esse julgamento iria passar na televisão, ia ser público. Eles não podiam deixar isso acontecer, de jeito nenhum.
Então, foi grampeada a petição, com o parecer da secretaria de informática. O juiz indeferiu, mandou arquivar.
Nós fomos atrás desse processo. O parecer tem nove páginas, mas só tem cinco lá, o resto está faltando. Ninguém sabe onde está esse parecer. A gente está aguardando, para ver se eles acham o resto.
GGN: Não consegui encontrar o contrato da Módulo, ela venceu a licitação para as eleições de 2014?
Venceu. Eles fizeram uma coisa totalmente direcionada. A Módulo participa do projeto base, então só ela ganha [a licitação].
GGN: Por que os outros concorrentes não teriam critérios técnicos?
São eles que criam os critérios técnicos. Para ganhar. Então, não tem chance, não tem como ganhar. A Módulo tem contrato com todos os órgãos do governo. Não é só um, são todos.

GGN: Como mandou para o TSE, você poderia mandar esses documentos ao MPF, à OAB, para articular melhor a sua petição?
Eu mandei para a OAB, porque ela poderia mexer com isso. Mas o presidente do Conselho Federal da OAB [Marcus Vinicius Furtado Coêlho] falou uma coisa que eu quase morri do coração. Falou que as urnas brasileiras são exportadas para o mundo inteiro. Primeiro, que não é "TSE Limitada" e muito menos "S.A.". E outra, nenhum país do mundo aceita essas urnas. Então, eu fiz a petição, com a minha obrigação de ofício como advogada, entreguei para ele com as irregularidades. Mas ele não tomou conhecimento, não.
GGN: As auditorias podem ser feitas por qualquer órgão?
A lei 9.504 só permite que analisem os programas o Ministério Público, a OAB e Partidos Políticos. Então, embora eu faça parte do CMid, eu tenho que fazer parte de um partido político. Tanto que já sou filiada há muitos anos, mas não sou ligada ao PDT, não tenho nenhuma vinculação, a não ser esse trabalho de ir lá e fazer a análise de códigos.
Especialistas discutem como hacker de 19 anos fraudou eleições no RJ, em 2012
A Justiça Eleitoral, de quando em quando, publica o edital de que vão existir testes. O Diego participou de um teste nas urnas de 2012, desembaralhou os votos e descobriu quem votava em quem. Também estávamos juntos, porque ele não poderia falar [por não ter a autorização do TSE]. Então eu fiquei do lado dele, escutei [as conclusões] e passei para frente. Teve que ter toda uma estratégia.

Este ano, o ministro Toffoli disse que não ia fazer teste. Não vai fazer teste? Então vamos por um hacker lá dentro para descobrir o que tem de errado.
GGN: Legalmente falando, é possível?
A lei fala que o TSE tem que apresentar os códigos fonte para mim. Eu fui com base na lei. Só que eles não sabiam da capacidade do menino, se eles soubessem teriam bloqueado. Porque é muito, muito restrito. O PDT tem outros técnicos, mas um ficou fora, e eu sou advogada, normalmente eu não sento nas máquinas. Só que este ano a gente mudou de estratégia. Eu fui sozinha e levei o menino, que eles nem sabiam quem era. Eles achavam que ele era do PDT, e não da UNB.
GGN: Essa sua petição não foi a público?
Foi, está dando uma repercussão boa, porque eu falei dela na Universidade Federal da Bahia. O Pedro fez um site, eu fiz o debate na Bahia. Não é a mesma divulgação que Justiça eleitoral dizendo que nada é conectado à internet.
Se não fosse verdade, eu já teria respondido a milhares de processos pela Polícia Federal. Não tem como dizer que não está lá dentro, o programa está lá dentro. 
Fonte: http://www.jornalggn.com.br/noticia/o-tse-e-a-descoberta-do-programa-de-fraude-nas-urnas-eletronicas#.VEp3_q4bXLk.facebook

Dilma e a educação

Tucanos e a Petrobrás

Eles têm a mídia

E que era do contra...

Chico Buarque está com Dilma 13!

Saúde pública: saiba qual é o papel do presidente, do governador e do prefeito

Por Fernande Duarte - Portal EBC

Em época de eleições, é comum encontrarmos candidatos fazendo as mais variadas promessas. Entre elas, as que apelam para a melhoria do atendimento de saúde,  uma das principais reivindicações da população. Mas boa parte dessas promessas, seja por falta de conhecimento ou até por má-fé, não podem ser conretizadas porque alguns candidatos simplesmente desconhecem os limites das funções para as quais tentam se eleger.
Para não deixar se levar por falsas promessas, veja abaixo como funciona o sistema de saúde público no país e quem responde pela oferta de serviços e atendimento da população nessa área.
O SUS
O Sistema Único de Saúde surgiu a partir do estabelecimento da saúde como direito do cidadão na Constituição de 1988. Atualmente ele é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo e o único a garantir acesso integral, universal, igualitário e completamente gratuito para a totalidade da população (aproximadamente 202  milhões de habitantes), desde o atendimento ambulatorial às cirurgias complexas, como as de transplante de órgãos.

Antes de sua implementação, a saúde não era considerada um direito social. De acordo com o Ministério da Saúde, o modelo de saúde pública vigente até então marginalizava uma parte expressiva da população, já que só tinham direito ao acesso aqueles que eram segurados pela previdência (trabalhadores com carteira assinada) e nem todos tinham condições de arcar com os custos dos serviços de saúde particular.
Além do atendimento de saúde por meio de consultas, exames médicos e internações, o SUS atua em ações de prevenção de doenças e de vigilância sanitária, como campanhas de vacinação, fiscalização de alimentos e registro de remédios.
Saúde: responsabilidade de quem?
Ao se converter em um direito constitucional assegurado a todos os brasileiros, a saúde passou a ser uma responsabilidade solidária da União, estados e municípios.
Os entes federativos até podem dividir funções, mas todos devem atuar em parceria, como o fazem desde o Pacto pela Saúde, de 2006, para garantir os serviços de atendimento à saúde da população.
Confira quais são os compromissos de cada ente federativo quanto à prestação desses serviços:
1. Prefeito
No que diz respeito à área da saúde no Brasil, o município aparece como principal responsável. 
A figura do prefeito é quem responde pelo compromisso de prestar ações e serviços de saúde em sua localidade, por meio de uma secretaria ou departamento voltado exclusivamente para a gestão municipal de saúde, sendo o governo estadual e o federal parceiros na oferta desse atendimento.
Assim, compete ao município criar suas políticas de saúde e também colaborar com a aplicação das políticas nacionais e estaduais dessa área, coordenando e planejando as ações do Sistema Único de Saúde (SUS) em âmbito local e, para isso, aplicando recursos próprios (mínimo de 15% de sua receita) e os repassados pela União e pelo estado.
2. Governador
Compete ao governador, por meio de uma secretaria estadual de gestão de saúde, criar suas próprias políticas de saúde, bem como apoiar a execução das políticas nacionais de saúde, aplicando recursos  próprios (mínimo de 12% de sua receita) e os repassados pela União no atendimento à saúde em seu território, o que inclui o planejamento e a coordenação de ações do SUS no estado, assim como o repasse de verbas aos municípios.
3. Presidente
Apesar de não ser o principal responsável pela prestação dos serviços de saúde, o governo federal é o principal financiador da rede pública de saúde.
Fica a cargo do presidente escolher a pessoa que comanda o Ministério da Saúde, assim como avalizar as políticas nacionais de saúde formuladas pelo órgão e os repasses dos recursos federais para que os municípios, os estados e o Distrito Federal as coloquem em prática.
O Ministério da Saúde também responde pelo planejamento, criação de normas, avaliação, fiscalização e controle das ações do SUS em todo o país. Além disso, ele tem respondido pela aplicação de metade dos recursos gastos com saúde pública em todo o Brasil, com recursos previstos anualmente no Orçamento da União, que devem ser no mínimo iguais ao do ano anterior corrigidos pela variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com a Emenda Constitucional nº. 29.
No caso específico do Distrito Federal, que não atua exatamente como um estado nem suas regiões administrativas funcionam como municípios, o governo distrital responde pelas ações correspondentes aos governos estadual e municipal na prestação do atendimento de saúde à sua população.
É importante ressaltar que os cargos legislativos (deputado estadual ou distrital, deputado federal e senador) também desempenham importante papel na oferta de saúde pública à população na medida em que compete a eles a criação e/ou aprovação das leis que instituam os programas que executem as políticas públicas para o setor, assim como a aprovação do orçamento da saúde e a fiscalização dos atos do governo.
* Com informações do Ministério da Saúde

Fonte: http://www.ebc.com.br/noticias/eleicoes-2014/2014/08/saude-publica-qual-e-a-competencia-dos-cargos-politicos





 




Lula exclusivo: 'Quem arrumou a casa fomos nós'

Para o ex-presidente, a mídia tradicional agride a democracia e esconde o debate de projetos. O de Dilma, de avançar nas políticas que respeitam os trabalhadores e que estão mudando o Brasil. E o de Aécio, que leva ao retrocesso

por Paulo Donizetti de Souza e Vitor Nuzzi publicado 21/10/2014 12:13, última modificação 21/10/2014 18:30

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Parece que foi ontem, mas aconteceu em 2002. O metalúrgico, sindicalista e fundador do PT Luiz Inácio Lula da Silva tornava-se presidente da República, em sua quarta tentativa. Derrotou o partido que, hoje, 12 anos depois, diz ser o da "mudança."
O PSDB de Aécio Neves já tem até ministro anunciado, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que insiste: é preciso “arrumar a casa”, a economia está uma bagunça. Como assim?, pergunta Lula. "Ele, na verdade, é um desarrumador de casa. Quem arrumou a casa fomos nós."
Para o ex-presidente brasileiro, a expressão do economista é um eufemismo para aumentar o desemprego e reduzir ganhos salariais em nome da eficiência das contas públicas. Ou em sua definição: “Arrumar a casa é tirar aquilo que o povo conquistou neste período de 12 anos”.
Em meio ao vale-tudo desenfreado na reta final da eleição, Lula recebeu a Revista do Brasil para uma reflexão sobre a necessidade de aumentar a consciência política das pessoas. “Se ficar só na agressão pessoal ou partidária, eu acho que a gente não politiza a sociedade.”
Lula pede ao povo para ficar alerta em relação às propostas em jogo: manter uma política que busque reduzir as históricas desigualdades do país, projeto personificado por Dilma; ou devolver o poder a um grupo que governa para apenas uma parcela da população.
Segundo ele, a mídia tradicional trabalha diuturnamente contra o PT, esconde a comparação de projetos e despolitiza os debates. “Gostaria que a campanha, ao terminar, além do somatório de votos, tivesse um crescimento da consciência política da sociedade”, diz.
Pouco mais de um ano atrás, o senhor deu uma entrevista falando que “estava no jogo”. Agora, próximo do segundo turno, não acha que o jogo ficou mais bruto?
Os adversários, embora sejam os mesmos das outras disputas, estão mais raivosos. O que é uma contradição com todo o discurso que eles fazem ou faziam, que o PT era agressivo... Agora, é o PT que está muito tranquilo e eles que estão muito agressivos. Em alguns casos, com campanha de denúncias e difamações que somente a extrema-direita tinha competência de fazer em alguns momentos históricos do Brasil. Agora, de qualquer forma, o jogo sempre vai ser duro quando o PT está numa disputa de uma prefeitura, de um estado ou do Brasil. Porque o PT conseguiu mudar o jeito de governar o Brasil, conseguiu estabelecer uma nova relação entre o Estado e a sociedade, entre o governo e os setores organizados da sociedade. Isso incomoda essas pessoas, porque eles não querem que as pessoas participem. Chegamos ao cúmulo de estarem raivosos porque as pessoas que votaram na Dilma são “desinformadas”, “informados” são só os que votaram neles. Acho que esse ódio que está sendo divulgado, essa campanha feita diuturnamente contra o PT, que não é de hoje – isso é desde que nós nascemos, mas mais marcadamente depois que chegamos ao governo – fez com que a campanha fosse mais radicalizada. Nós temos uma estratégia de campanha, temos uma candidata competente, que tem experiência de vida, e estamos preparados para qualquer embate. Gostaria que a campanha, ao terminar, além do somatório de votos, tivesse um crescimento da consciência política da sociedade. Que as pessoas saiam do processo eleitoral gostando mais de política, se sentindo participativas, dispostas a exigir e a cobrar mais dos eleitos. Eu espero isso. Se ficar só na agressão pessoal ou partidária, a gente não politiza a sociedade.
Essa queda de qualidade na oposição, que não privilegia o debate de projetos, tem a ver com o perfil do Fernando Henrique, do estilo dele de ser oposição?
Neste momento, há um esforço muito grande, enorme, de uma parte da imprensa brasileira de tentar ressuscitar o Fernando Henrique Cardoso. Tem muita gente que tem 30 anos hoje e nem lembra que o Fernando Henrique Cardoso foi presidente da República. Há uma tentativa de ressuscitá-lo como porta-voz de um partido que não se comporta como partido de oposição, porque não tem um programa alternativo para a sociedade. O que tem, na verdade, é uma imprensa partidarizada. A grande oposição no Brasil hoje não é o PSDB, é a imprensa. Enquanto o candidato espera o ano inteiro para ter 45 dias, para ter o horário na televisão, eles fazem campanha 24 horas por dia durante o ano inteiro, não tem limite. O Fernando Henrique tem hoje pouca ascendência sobre a campanha eleitoral, tem pouco voto. E acho que é por isso que o PSDB, desde que ele deixou a Presidência, não utiliza ele em debate. O Aécio utilizou mais porque para ganhar dentro do PSDB, precisou do apoio do Fernando Henrique, que, como todo mundo sabe, historicamente não é muito simpático ao Serra. A qualidade da oposição caiu. Aliás, a qualidade do debate político caiu muito. E Fernando Henrique tem responsabilidade nisso, porque puxa para baixo o debate, quando poderia elevar. Essa que ele disse agora, que quem votou na Dilma é a parte mais desinformada da sociedade, do Nordeste, é de uma grosseria elitista que jamais poderia sair da boca de um sociólogo. O cara estuda, mas a massa encefálica tá pronta na cabeça dele. Ele não pode mudar. Ele pensa exatamente assim, que o Brasil tem de ter uma camada pobre que não tem direito a nada. Hoje, o cidadão tem mais cidadania, mais salário, política de transferência de renda, crédito consignado, crédito rural, tudo melhorou. Então, o mundo que ele vê é do tempo que ele governava. Por isso, rebaixa tanto o debate político e econômico.
Dilma
Assim como em 2010, logo depois do primeiro turno houve manifestações nas redes sociais contra os nordestinos. A conscientização não avançou, vivemos uma certa separação, principalmente, entre Sudeste e Nordeste?
Acho que o nível de consciência política às vezes acirra esse debate. Mas se você olhar historicamente, grande parte dos políticos nordestinos sempre achou que São Paulo age com eles como os Estados Unidos age com outros países. Que São Paulo é uma espécie de Estado imperialista. E, ao mesmo tempo, São Paulo leva sempre vantagem, porque é o mais rico. O que nós começamos a fazer? Começamos a estabelecer uma política de desenvolvimento que levasse em conta a diminuição das desigualdades regionais. Permitir que o país fosse mais igual, tivesse mais escolas, diminuísse a mortalidade infantil, o analfabetismo, que tivesse mais empresas e mais emprego no Nordeste. E esse foi o grande mote que fez com que o Nordeste crescesse mais do que São Paulo. E você percebe que a importância da economia paulista em relação ao PIB tem diminuído. Não é só porque tem perdido empresa, é porque o Nordeste tem ganhado empresa e gerado desenvolvimento mais rápido. O que é normal. E as pessoas começam a ter direitos, a exigir mais, e aí fomenta essa divergência que eu acho absurda. Não é só no Brasil. No mundo inteiro, sempre foi assim. Quando a camada mais pobre ou uma região começa a ascender socialmente, aqueles que já ascenderam começam a ficar com raiva. É mais gente no restaurante, no avião, no aeroporto, viajando de trem, no shopping. E gente que eles não conheciam, que antigamente não conseguia entrar no shopping. Isso vai criando um certo rancor… Esse pensamento, graças a Deus, está na cabeça de uma minoria. E não tem preconceito com nordestino rico, contra o negro rico. O preconceito está ligado à possibilidade econômica das pessoas. Eu fico triste quando um homem como Fernando Henrique Cardoso abre a boca para falar uma bobagem dessa.
Como o debate de projetos escondido no noticiário, o destaque de todos os jornais são as “denúncias” do diretor da Petrobras investigado, do doleiro. De que forma esse clima afeta a campanha da presidenta Dilma?
Estou muito preocupado. Eu tenho a impressão de que neste país tem sempre uma tentativa de golpe. Tem sempre um Carlos Lacerda querendo derrubar alguém. Você tem um processo em que as pessoas estão fazendo delação premiada, esse processo está nas mãos de um ministro da Suprema Corte, porque não pode vazar, porque depois da delação é possível investigar se é verdade. Estranhamente, como a Suprema Corte reivindicou o processo para lá, o juiz convoca as pessoas para depor e colocar na internet o depoimento, quase como se fosse uma ação política, quase como se fosse "vamos fazer um depoimento agora para dar material de campanha para os adversários do PT". Se daqui a três ou quatro meses for provado que não é verdade aquilo que ele falou, o prejuízo está feito. É gravíssimo o que está acontecendo, às vezes me cheira a tentativa de golpe mesmo, de colocar em risco o processo democrático. O que foi prometido para esses senhores na delação premiada? Será que foi só diminuir a pena ou será que foi prometido “se o PT for derrotado, poderá ter mais coisas?” A gente não sabe. É um processo insidioso, porque não tem nenhum momento na história do Brasil em que o governo investigou mais qualquer denúncia contra qualquer pessoa como neste governo, que tenha a quantidade de instrumentos, desde a transparência das coisas que o governo faz, até a fiscalização do Ministério Público, do Tribunal de Contas, da Controladoria Geral da República. Ou seja, é o governo que criou a Lei de Acesso à Informação. Eu me preocupo, porque acho que isso é uma tentativa de fazer interferência no processo eleitoral a 15 dias das eleições.
Ontem (quinta, 9 de outubro) houve um debate na GloboNews entre o ministro Guido Mantega e o Armínio Fraga (ex-presidente do Banco Central no governo FHC). Enquanto o ministro Mantega enfatizava os ganhos sociais decorrentes das escolhas econômicas que o governo fez, o Armínio insistia na necessidade de arrumar a casa. Como essas diferenças de pensamento podem ser traduzidas?
Lula frase
Quando o Armínio Fraga fala em arrumar a casa, não tem coragem de dizer que defende desemprego, diminuir ganhos salariais, acabar a transferência de renda. Se pudesse, diria isso. Por isso fala “arrumar a casa”. Ele estava no BC e ajudou a desarrumar a economia deste país
Quando o Armínio Fraga fala em arrumar a casa, é porque ele não tem coragem de dizer que é preciso ter um pouco de desemprego, na lógica dele, é preciso diminuir os ganhos salariais e o salário mínimo, acabar com essa política de transferência de renda, e é preciso dificultar o crédito. Se ele pudesse falar fora do processo eleitoral o que ele ia fazer, era exatamente isso. Por isso que ele fala “arrumar a casa”. Ele não é nenhuma arrumadeira, porque quando estava no Banco Central ajudou a desarrumar a economia deste país. A inflação estava 12,5% quando eu cheguei na Presidência da República, o Brasil devia US$ 30 bilhões para o FMI. Viviam, ele e o Malan (o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan), nos Estados Unidos buscando dinheiro para fechar a conta no final do mês, nós tínhamos um desemprego de quase 13%, o salário dos trabalhadores não aumentava, o salário mínimo não aumentava... Então, ele, na verdade, é um desarrumador de casa. Quem arrumou a casa fomos nós, que provamos que é possível aumentar o salário mínimo, o salário das categorias organizadas, que é possível fazer política de transferência de renda e, ao mesmo tempo, é possível controlar a inflação. É importante que o povo saiba claramente que o que está em jogo é um projeto de volta ao que nós já conhecemos há muito tempo neste país, a um passado em que os trabalhadores faziam greve e não ganhavam nada.
Eu cansei de fazer greve, às vezes nem inflação a gente recebia. Então, eu acho que o Guido e a presidenta Dilma têm dito, em todas as oportunidades que eu vejo eles falarem, que esta é uma crise do capitalismo, feita pelo sistema financeiro, no coração do sistema financeiro e que os trabalhadores não têm de pagar. Logo que saiu a crise, em 2008, o Gordon Brown (ex-primeiro-ministro do Reino Unido) fez uma visita ao Brasil e foi uma coisa que a imprensa deu muito destaque quando eu disse: olha, é importante que vocês saibam que não são os negros da África, os índios da América Latina os responsáveis por essa crise. Os responsáveis são os loiros de olhos azuis. E a Dilma tem dito categoricamente: não haverá prejuízo para o trabalhador brasileiro com essa crise. Apesar do negativismo da imprensa brasileira, há um reconhecimento no mundo inteiro do milagre que o Brasil fez. Embora o PIB não esteja crescendo tal como todos nós gostaríamos, a verdade é nós estamos com desemprego menor do que muitos países que conhecemos e são desenvolvidos. E esse é um valor extraordinário, emprego; e as pessoas ainda tendo aumento real de salário. Isso é muito importante. Todo mundo vê o Armínio falar de vez em quando “o salário mínimo está muito alto, cresceu em demasia”. O que ele quer? Não pode aumentar o salário mínimo? Fazer ajuste fiscal e fazer o trabalhador pagar o preço? No nosso governo não vai acontecer isso.
Ele também fala sobre diminuir os bancos públicos...
Mas é importante a gente lembrar que eles queriam privatizar todos os bancos públicos. O que incomoda para eles os bancos públicos? Quando estourou a crise em 2008, numa conversa que tive por telefone com o presidente Obama, comecei a mostrar que seria importante que os Estados Unidos tivessem um sistema financeiro mais ou menos igual ao nosso, que temos três bancos públicos fortes, e temos bancos privados fortes. Eu citava o Banco do Brasil, a Caixa, o BNDES como os três instrumentos que me permitiram acionar para tirar o Brasil da crise.
Logo que veio a crise, nós liberamos R$ 100 milhões do compulsório na expectativa de que o sistema financeiro utilizasse o dinheiro para financiar o mercado. O que aconteceu? Pegaram e compraram títulos do governo. Ou seja, fomos obrigados a fortalecer os bancos públicos. Foram o Banco do Brasil, a Caixa e o BNDES que não deixaram este país entrar na bancarrota. São esses bancos que fazem o crédito para a agricultura, que financiam Minha Casa, Minha Vida, a agricultura familiar. Esses bancos têm uma importância extraordinária para este país. E eles querem acabar.
Na nossa visão de Estado, os bancos públicos têm um papel extraordinário de equilíbrio no mercado financeiro. Eles se incomodam porque o BNDES está emprestando muito dinheiro que eles gostariam de emprestar. Emprestem! Agora, se tiver gente precisando de dinheiro e os bancos não querem emprestar, o governo vai ajudar, porque queremos que se empreste para o desenvolvimento do país.
Então, eu acho que o povo tem de ficar alerta. O “arrumar a casa” deles é tirar aquilo que o povo conquistou neste período de 12 anos. É diminuir o papel dos bancos públicos, ou vender. Eles já queriam fazer isso 12 anos atrás. Eles querem vender o patrimônio do país e, por isso, eu acho que eles não vão ganhar as eleições, porque o Brasil aprendeu que os bancos públicos têm um papel extraordinário no desenvolvimento da nossa economia.
Esse debate muito concentrado em inflação, superávit, PIB não acaba marginalizando a discussão sobre a política industrial?
Na verdade, se discute política industrial, o governo tem propostas de inovação. Nós demos um salto de qualidade na indústria automobilística. De vez em quando, vejo as pessoas dizerem que não tem investimento. Faz quatro anos consecutivos que o Brasil é o terceiro ou quatro país a receber investimento direto. Este ano, vamos chegar a US$ 67 bilhões. No tempo deles, acho que o máximo que conseguiram foi US$ 19 bilhões, e eles faziam festa.
Quando eu estava na Presidência, muitas vezes eu discutia com o Palocci (Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda), com o Meirelles (Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central), com o Guido (Mantega, então do Planejamento, hoje Fazenda), uma coisa que não é muito aceita pelos economistas. Você tem de discutir superávit e meta de inflação, sim, mas vamos discutir meta de inflação, e vamos discutir meta de crescimento. Tentar estabelecer compromisso de controlar a inflação e de fazer a economia crescer.
Não é uma discussão fácil, porque eles (economistas) acham que não combinam as duas discussões. É um debate que nós precisamos fazer. Se eu não tiver uma meta, eu não vou atrás. Quando eu estava na Villares (metalúrgica em que Lula trabalhou no ABC Paulista) a gente recebia um lote de peças e uma cartela que dizia em quantos minutos era pra fazer cada peça. Então, eu acho que, na economia, nós também precisamos inovar. Vamos estabelecer meta de crescimento, de investimento, ciência e tecnologia, dar desafios para a gente mesmo cumprir.
Entraria emprego na meta do Copom, que considera basicamente a situação inflacionária?
Veja, o governo estabelece meta. O Banco Central só tem como instrumento os juros. Ou seja, o governo tem outro instrumento, que é cortar ou estimular o crédito. Quando chegamos na Presidência da República, no Brasil inteiro tinha apenas R$ 380 bilhões em oferta de crédito. Hoje, só o Banco do Brasil deve ter R$ 675 bilhões ou mais. Então, você tinha uma opção. Reduzir a taxa Selic e cortar o crédito. Eu dizia: cortar o crédito é cortar na veia. A taxa Selic pode demorar seis meses para surtir efeito. Agora, quando você corta o crédito é no dia seguinte. O cara não vai na loja comprar.
Então, eu era favorável... Aumentava a taxa Selic e diminuía a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). A gente foi manuseando isso. E deu certo. A TJLP é bem menor que a taxa Selic. A gente não pode usar a palavra “subsidiado” porque a Organização Mundial do Comércio vai encher o saco, mas você pega a Caixa Econômica, o Minha Casa, Minha Vida, se a pessoa tivesse de comprar uma casa de R$ 60 mil pelo sistema financeiro normal ela pagaria R$ 900 por mês. Ela paga R$ 50 porque é subsidiado. E se não for subsidiado, como o pobre vai ter casa? O Estado tem de assumir.
É como o programa Luz para Todos. No tempo do Fernando Henrique Cardoso, tinha o Luz no Campo, em que o cara tinha de pagar tudo. Ora, mas o cara que está no meio do mato não pode pagar nada. Vamos levar pra ele. Isso custou quase R$ 20 bilhões aos cofres públicos, mas esses cidadãos têm o direito de serem tratados como o cara que mora na avenida Paulista, em Copacabana, ou na Marechal Deodoro... E nenhuma empresa privada vai levar energia se não tiver retorno. Então, o Estado tem de levar.
O debate econômico é estreito?
Acho que o debate econômico tem de ser mais plural. Hoje, nós não temos mais debate econômico porque você não tem economista, é só analista de mercado, analista de mercado, analista de mercado. O debate passa por isso. Tentamos fazer isso, e a Dilma tenta fazer, mapear quais os setores em que o Brasil é competitivo. Sabe o que acontece?
Vou te dar um exemplo. Na agricultura, o Brasil é altamente competitivo. Nós temos tecnologia, terra, água, sol. Esse é um setor em que o Brasil pode avançar. O setor de papel e celulose, podemos ter uma indústria extraordinária neste país. Na indústria química, o Brasil pode se tornar competitivo. Precisamos abrir novos mercados para que a gente possa competir com os chineses, os americanos, os alemães, naquilo que a gente pode competir.
E essa discussão de desenvolvimento tem de estar ligada ao debate econômico. Debate econômico não é só inflação, dívida pública... É discutir geração de emprego, poder do salário, ganhos sociais do povo brasileiro, industrialização, investimento em infraestrutura. A gente não pode deixar de lembrar que nós, em 12 anos, recuperamos a indústria naval brasileira. Em 1970, nós eramos a segunda indústria naval do mundo. Em 2000, a gente tinha acabado. E nós recuperamos, já está com 86 mil trabalhadores e vai continuar crescendo. Quando o Brasil tenta fazer, teima, consegue.
Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/100/lula-exclusivo-quem-arrumou-a-casa-fomos-nos-diz-1117.html