Ao terminar de ler a obra do sergipano Manoel Bonfim fui conferir o ano de publicação da primeira impressão. Me assustei. 1903. O século XX ainda respirava o século XIX. A modernidade era comentada mas ainda não era, por muitos, de fato, vivida.
A sociedade brasileira ainda era impregnada no ranço provinciano pertinente as tradições familiares e já imperava o famoso politicamente correto. Resultado, segundo o autor, de um atraso colonialista de vários séculos de exploração.
Porém, o susto ao qual me referi faz jus diretamente à trajetória traçado pelo autor a fim de demonstrar a fraqueza sobre a qual se iniciou uma república federativa em território nacional. Seu texto visava demonstrar como uma utopia se fazia necessária para que o Brasil atingisse um razoável nível de progresso. E hoje, em 2014, parece que eu estava me dedicando a uma leitura do século XXI. Uma cópia fiel do éramos no início do século XX se manteve firme até agora. Nada mudou...
É frustrante perceber que todo o parasitismo social evidenciado pelo autor, ocorrido durante o período em que fomos vilmente explorados por nações colonizadoras, não foi capaz de nos tornar mais fortes perante o mundo! Mesmo com a consciência clara de que Portugal, hoje, não passa de um projeto de nação se comparado a outros países, sua influência cruel sobre o território brasileiro deixou rastros que se expandem até agora.
E quem mais recebe as cruentas consequências se tais atos, somos nós, brasileiros, trabalhadores, sem utopias e crentes em pastores e padres.
Excelente obra!
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