por Paulo Jonas de Lima Piva
"É porque brasileiro é vagabundo, não gosta de trabalhar": esta talvez seria a resposta mais provável de um neoliberal bem tosco, daqueles que nem sabem que é um neoliberal, à pergunta que deu o título a este post. É que para ele funcionário público é sinônimo de parasita e que o trabalho enobrece o homem independentemente do quanto ele ganha e em que condições ele ganha. Se o tosco em questão é patrão, daqueles bem ricos e donos de uma empresa sólida, é compreensível que pense assim, afinal, é a ideologia de quem manda e aparece. Mas se o tosco em questão é um empregado, um funcionário daqueles que dão o sangue pela empresa e ganha bem menos do que produz em lucro para o seu patrão, sem estabilidade no trabalho e sem receber um salário condizente com o seu esforço e seus sacrifícios, aí temos uma ideologia fora de lugar.
Trabalhar é gostoso quando se ganha bem, se tem estabilidade no emprego, plano de carreira, infraestrutura estimulante e outras garantias que tornam o trabalho minimamente humano. E onde encontramos tais condições? Certamente não é em grande parte da iniciativa privada. Uma operadora de telemarketing, um bancário de um banco privado, um caixa de supermercado ou um atendente do McDonald's que o digam. Isso explica por que mais de 13 milhões de brasileiros estão se preparando para prestar concursos por todo o país este ano, atrás de uma das 52 mil vagas criadas pelo governo Dilma no setor. Abaixo, um trecho de uma reportagem de hoje do global Jornal Hoje a respeito do assunto:
"Como a concorrência é grande - são mais de 13 milhões de pessoas tentando uma dessas vagas - a euforia nos cursinhos preparatórios é grande.
O perfil dos candidatos é muito variado e muitos deles já estão empregados ou até tocam um pequeno negócio, mas não se sentem seguros com as oscilações do mercado. No serviço público, buscam a garantia de receber um salário certo todo fim de mês e, claro, a estabilidade oferecida por essas carreiras.
O perfil dos candidatos é muito variado e muitos deles já estão empregados ou até tocam um pequeno negócio, mas não se sentem seguros com as oscilações do mercado. No serviço público, buscam a garantia de receber um salário certo todo fim de mês e, claro, a estabilidade oferecida por essas carreiras.
Para ser aprovado, é preciso investimento e sacrifício. O servidor público Fábio Henrique da Silva sonha com o cargo de delegado da Polícia Civil e um salário inicial de R$ 13 mil. Ele estuda, em média, quatro horas por dia, inclusive nos fins de semana. "É difícil, muito concorrido, você tem que se dedicar muito", afirma.
A rotina da estudante Karen Matsui é ainda mais puxada. Ela faz estágio de manhã, estuda à tarde, e à noite vai para o cursinho. São oito horas por dia em cima dos livros para conseguir uma vaga de defensora pública. O salário pode chegar a R$ 15 mil. "A partir do momento que você escolhe um caminho, você tem que estar ciente do que tem pela frente", justifica." (cf. Concursos públicos oferecem mais de 52 mil vagas em todo o Brasil )
Fonte: http://www.opensadordaaldeia.blogspot.com.br/2014/03/questao-para-neoliberais-e-devotos-do.html
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