terça-feira, 15 de abril de 2014

Como deve se portar o PT contra os ataques da mídia.

Como os petistas estão reagindo à lavagem cerebral da opinião pública promovida pela oligarquia midiática contra o governo Dilma e o PT?


VEJA Edição 2368



por Paulo Jonas de Lima Piva

PSDB, DEM e PPS não conseguiram cumprir com competência e a contento a tarefa de oposição reacionária contra os governos Lula e Dilma e, sobretudo, contra o PT, dada pelos setores mais obscurantistas da direita brasileira. Por outro lado, PSOL, PSTU e outros grupelhos de ultraesquerda mostraram-se insignificantes e risíveis no papel de oposição de esquerda, decepcionando assim muitos setores da direita que contavam com esse apoio e essa ajuda indiretas.

Com esse duplo fracasso coube então à velha mídia brasileira mais uma vez assumir historicamente as rédeas da oposição e o projeto da pior direita. Do espetáculo da farsa do "Mensalão" aos espetáculos, denuncismos e factóides mais recentes, essa oligarquia e máfia vem agindo como um partido político, e de forma implacável e inescrupulosa.

Sem aliados nesse campo de emissoras de horário nobre, revistas de grande tiragem e jornalões balizadores da opinião pública, sem a proteção de uma legislação da comunicação, de uma lei da mídia, até hoje engavetada, o PT, muito mais, e os seus governos Lula e Dilma, bem menos, sofreram muitos estragos em suas imagens e nas suas credibilidades com a artilharia dessa velha mídia canalha. E mal entramos nos meses que antecedem a disputa eleitoral oficial, os barões dessa mídia mafiosa estão pegando pesado contra o PT e o seu governo. Ao mesmo tempo, em contrapartida, esses oligarcas fazem de tudo para tirar o PSDB e seus escândalos das suas capas, da boca dos seus âncoras e das suas primeiras páginas. A estratégia, obviamente, é bem planejada e articulada. Até outubro, as reportagens, os editoriais e as chamadas desses órgãos comporão a narrativa do caos, tentando ludibriar os eleitores brasileiros com a fábula de que o Brasil governado pelo PT está de mal a pior e que a direita tucana-eduardista é a solução.

O que mais preocupa nesse massacre midiático todo contra o PT e Dilma é a reação dos petistas a essa onda sensacionalista e desenfreada de denuncismo e de geração de factóides. Não são poucos os petistas que estão deixando se levar por essa lavagem cerebral diária que vai das edições matutinas da CBN aos noturnos Jornal da Globo e Programa do Jô. Sobretudo no caso da Petrobrás, como se Dilma e todo o PT fossem responsáveis pelos deslizes de todos os deputados e funcionários envolvidos com a estatal ligados ao partido, caso existam mesmo irregularidades comprovadas.

O PT tem mais de trinta anos de existência, tornou-se uma estrutura gigantesca nesse período, logo, é previsível que deslizes e irregularidades de seus membros possam ocorrer. Entretanto, que as culpas sejam irrefutavelmente demonstradas e, caso sejam de fato demonstradas, que elas sejam individualizadas. A igreja católica, por exemplo, não pode ser julgada como uma orgia de pedofilia por conta da existência de centenas e milhares de padres pedófilos que passaram ou que ainda permanecem no seu corpo, tampouco as igrejas evangélicas podem ser consideradas organizações criminosas por crimes de corrupção, estupro e lavagem de dinheiro eventualmente cometidos por pastores de certas denominações cristãs. Imaginem se a teoria do domínio de fato fosse aplicada ao papa e aos donos de seitas no caso desses crimes! O mesmo raciocínio vale para o PT.

Os petistas e a luta ideológica

Com o anúncio da célebre "Carta aos brasileiros", na campanha de 2002, afastei-me do PT. Mal informado e bitolado pela zona de conforto do idealismo absoluto do sectarismo ideológico, deixei-me entorpecer pelo noticiário da grande mídia contra o PT e o governo Lula, sobretudo durante o início do espetáculo da farsa do "Mensalão". Entretanto, com as conquistas sociais promovidas por aquele governo passei a rever muitos dos dogmas que estavam me cegando na compreensão da dinâmica daquela conjuntura. As figuras satanizadas de Dirceu e Genoíno foram se tornando heróis na medida em que fui suspeitando das matérias e reportagens da grande mídia. O curioso é que eu me considerava na época alguém imune à manipulação e à influência ideológica da direita midiática, alguém crítico o bastante para saber que a grande mídia, pelo seu passado e pelo seu presente, era um partido político reacionário, porém, que mesmo assim, a corrupção do PT e a capitulação do governo Lula aos interesses do capital transcendiam esse papel manipulador dos Estadões, Vejas e Globos da vida e, portanto, eram inquestionáveis.

Foi quando descobri e passei a frequentar a blogosfera. A partir de então despertei do sectarismo e do moralismo cegos alimentados pela cobertura da grande mídia petefóbica. Vi-me pensando e julgando os fatos políticos como julgava e pensava a classe média mais atrasada. A frequência à blogosfera promoveu em minhas análises a dialética necessária entre a perspectiva da mídia hegemônica e perspectiva da mídia alternativa. Foi quando, aos poucos, a consciência do mundo político foi sendo reestabelecida e o PT e o governo Lula em particular se fizeram mais reais, a ponto de eu retomar a condição de petista abandonada com o anúncio da "Carta aos brasileiros".

Os petistas nos próximos meses

A disputa eleitoral deste ano não será entre Dilma e Aécio ou Dilma e Eduardo Campos, mas entre as forças progressistas e a grande mídia controlada pela pior direita. O massacre da oligarquia midiática contra o governo Dilma e o PT só irá aumentar até outubro e piorar ainda mais num segundo turno. Diante desse quadro, os petistas e simpatizantes das experiências dos governos petistas precisam estar preparados ideologicamente para enfrentar esse jogo sujo, essa batalha de mentiras, boatos e calúnias. O primeiro passo para isso é não se precipitar nos julgamentos, duvidar sempre da grande mídia por mais sedutora que ela seja. Em outras campanhas tudo de ruim foi dito e noticiado sobre o PT, Lula e Dilma, e logo desmentido quando as apurações das urnas eletrônicas acabaram. O mesmo ocorrerá desta vez. Paciência, cautela e sangue frio serão os combustíveis necessários para os militantes petistas sobreviverem nas eleições deste ano, que, ao que tudo indica, será mais suja ainda do que foi com Serra em 2010 e suas bolinhas de papel.

Que neste período eleitoral os petistas direcionem suas críticas e descontentamentos para outros alvos. A hora é de defender com argumentos, unhas e dentes o PT e seu governo, pois o que não falta ao PT e ao governo Dilma são inimigos.

Fonte: http://www.opensadordaaldeia.blogspot.com.br/2014/04/como-os-petistas-estao-reagindo-lavagem.html

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