Na série da Folha sobre ditadura, entrevistados suavizam o regime
A Folha de S.Paulo não está sendo feliz na série “Tudo sobre a ditadura militar”, iniciada ontem, e na qual publica reflexões de líderes de destaque nacional sobre o golpe e a ditadura militar de 64. Ou, então, o jornal pretende seguir uma linha editorial na série que, ainda que ele não venha a assumir, procura justificar aquela famosa definição dele, de que o Brasil teve uma “ditabranda” e não uma ditadura feroz, que quebrou a legalidade, depôs um governo constitucional, perseguiu, prendeu, torturou, matou e desapareceu com corpos de seus adversários.
O entrevistado de ontem, que estreou a série, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, disse ao jornal que só pequenos grupos e não a maioria nas Forças Armadas queria a ditadura, mas depois perderam o controle do processo e o regime virou ditatorial. FHC repetiu, também, um dos pretextos invocados pelos golpistas: deram o golpe antecipando-se porque o país temia que o governo João Goulart – Jango – desfechasse antes um contragolpe à esquerda.
Hoje o entrevistado da série da Folha é o ex-deputado, ex-senador, ex-ministro e jurista Célio Borja, do Rio. Célio Borja pontifica em suas reflexões dizendo que o Brasil não teve uma ditadura, mas sim um regime forte, uma regime de plenos poderes”. E que ele, líder da ARENA (partido de sustentação do “regime de plenos poderes”) e presidente da Câmara no governo Geisel tornou-se um estuário dos que denunciavam tortura nas masmorras do regime.
Borja diz que cúpulas militares não sabiam de tortura
Célio Borja garante: ele levava as denúncias em frente, ao general Golbery do Couto e Silva e a outros próceres do regime e eles e os militares se surpreendiam porque não sabiam e não acreditavam que houvesse tortura. Mas hoje já está provado que aquele política do Estado repressor, de um regime que até matava os adversários, obedecia a uma cadeia de comando que vinha da alta cúpula militar e que era uma política de Estado…
A origem e atuação política do dr. Célio Borja explicam sua amena e peculiar visão sobre a ditadura. Dr. Célio não surpreende. Ele presidiu e Câmara e foi líder da ARENA no governo do general Geisel. Começou na política e foi ativo militante da UDN, o partido golpista que como não conseguia chegar ao poder pelo voto, rondava quartéis e não sossegou enquanto não os levou a dar o golpe. Borja foi,também, ministro da Justiça do governo Collor.
Célio Borja, também foi lacerdista, atuou na gestão do governador do extinto Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, um dos líderes civis do movimento que depôs Jango e que entrou para a história como um dos mais ativos conspiradores pró-golpes no Brasil.
Fonte:http://www.zedirceu.com.br/na-serie-da-folha-sobre-ditadura-entrevistados-suavizam-o-regime/
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