quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Maristela Basso: a face bem apessoada da direita midiática no Brasil.

A obra pregressa da professora que disse que a Bolívia é insignificante

PAULO NOGUEIRA 3 DE SETEMBRO DE 2013
Maristela Basso vem falando bobagens há um bom tempo.
Presença frequente na mídia
Presença frequente na mídia
A boa notícia, para a advogada Maristela Basso, professora de direito internacional da USP, é que ela acaba de virar verbete na Wikipedia.
A má notícia é que o que a conduziu à Wikipedia foi uma estupidez extraordinária na qual se misturaram arrogância, desconhecimento e um sentimento de supremacia racial em geral associado ao nazismo.
Num trecho do Jornal da Cultura que discutia o caso do senador boliviano Roger Pinto, Maristela disse que a Bolívia é “insignificante”. Por isso, não haveria sentido em levar tão a sério o caso do senador.
Antes de chegar à Wikipedia, Maristela,  à base de opiniões parecidas com a que emitiu sobre a Bolívia, já se tornara uma personagem frequente na mídia tradicional.
É um clássico do Brasil moderno: diga coisas de direita, seja bem reacionário, e as portas da mídia se abrirão, magicamente, para você.
Foi o que aconteceu com Maristela.
Numa pesquisa rápida no Google, você pode encontrá-la em intervenções na Globonews, na Bandnews, na Folha, no Estadão etc.
Oriunda de Porto Alegre, bem apessoada na faixa dos 50, sorriso simpático,  advogada dos corintianos presos na Bolívia depois da morte de um torcedor, ela acabou se tornando uma especialista em tudo na mídia, embora seu campo seja o direito internacional.
Algumas semanas atrás, num programa da Bandnews, ela foi convidada a comentar os protestos de junho. Cobrou, na ocasião, presença maior da polícia para “conter” os manifestantes.
No canal de vídeo do Terra, ela comentou as eleições americanas. Obama, segundo ela, tinha “posto de pé” a economia dos Estados Unidos – uma afirmação sem nenhuma sustentação nas estatísticas. Mas que editor se importa com isso?
Dias atrás, ela disse à Globonews que os Estados Unidos “não precisam do apoio de nenhum outro país” para invadir a Síria pois são “auto-suficientes militarmente”.
A Síria, pelo que entendi, é uma espécie de Bolívia do lado de lá: para que discutir tanto sobre um país tão insignificante?
Também sobre Assange Maristela já se manifestou. “Assange acovardou-se na embaixada de um pequeno país distante”, escreveu ela num artigo na Folha. “O caso Assange perdeu a importância. Os governos não temem mais a divulgação de segredos de Estado e a imprensa faz o trabalho de Assange com a mesma desenvoltura.”
Pausa para rir.
O caso Snowden, ocorrido alguns depois do artigo de Maristela na Folha, transforma em piada este ponto. E a Folha, se olhasse para o espelho, teria suprimido o disparate da última frase, a que dá um caráter heroico, aspas, à imprensa.
Para Maristela e seus pares de ideologia, erros não cobram preço nenhum. Eles continuam a ser frequentes na mídia, mesmo que suas opiniões sejam tortas, enviesadas – ou simplesmente “insignificantes”, para usar o adjetivo que a levou, em circunstância de honraria duvidosa, à Wikipedia.

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