domingo, 1 de setembro de 2013

Cida Moreira em Uberlândia

Ontem, dia 31 de Agosto de 2013, tive a oportunidade única de poder presenciar um evento na cidade de Uberlândia. Trata-se de uma apresentação musical relacionada ao cinema nacional e estrangeiro.

Primeiro, devo relatar o lugar onde se deu tal acontecimento. Teatro Municipal de Uberlândia, projeto de Oscar Niemeyer. Apenas o fato de estar dentro de uma obra de arte de tão imenso arquiteto já seria mais do que compensador, porém, os responsáveis pelo evento não se privaram de abrilhantar nossa noite com as apresentações musicais das quais falarei.

Ressalto que não sei os nomes de todos os artistas presentes, bem como dos organizadores por não haver nenhum tipo de programa onde pudessem ser encontradas tais informações, mas como o evento foi grandioso, não posso me furtar a comentá-lo ainda assim.

Primeiramente, houve a apresentação de um exímio pianista que acompanhava filmes mudos, ao vivo, com seu instrumento. Tivemos a oportunidade de presenciar a espetacular magia dos anos de infância do cinema, onde a fala não era possível, mas para entretenimento, juntamente com as imagens, as músicas eram executadas seguindo os acontecimentos da encenação. Os filmes escolhidos para o ato foram produzidos por ninguém menos do que Hardy e Laurel, mais conhecidos como o Gordo e o Magro, além de um fabuloso Buster Keaton. Uma magia tomou conto do espaço e me surpreendi ao ouvir as pessoas rindo de fato destas antigas comédias. Nem tudo está perdido...

Tudo estaria já perfeito se não fosse a apresentação de Cida Moreira com seu violonista. Que verdade em suas interpretações das canções de clássicos do cinema brasileiro. A noite foi brilhantemente iluminada por sua presença e postura.

Mas, nem tudo andou conforme deveria... a parte decepcionante deu-se por parte de determinadas pessoas presentes na platéia. Não há nada mais deprimente do que pessoas isoladas do mundo e que se divertem com as piadas de programas populares dominicais da televisão, seres pertencentes à mais abjeta pequena burguesia sentirem a necessidade de demonstrar erudição! Durante as canções, conversas paralelas, fotografias, portas se abrindo e fechando incessantemente... a própria artista sentiu-se incomodada e pedia a "imensa gentileza" de que as portas parassem seu movimento. 

Por que? Qual a necessidade de sentir-se superior e nem mesmo respeitar a vontade alheia de sensibilizar-se com belos momentos? Esta é a prova de que Walter Benjamin, ao escrever que o artista perdera sua aura pois a arte adentrava à capacidade de reprodução técnica, acreditando piamente que essa seria uma forma de democratização artística, estava errado. Nem todos estão preparados para enfrentar determinadas situações da arte e compreender que este é um meio de crescimento intelectual. Nos sobra, portanto, Nietzsche, quando nos afirmou que a democracia é uma inimiga quando as pessoas não sabem o que querem.

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