segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A manifestação coxinha cai e Dilma volta a subir.

Dilma está de volta

31 de agosto de 2013 | 14:54
Reproduzimos abaixo a sempre arguta análise de Maurício Dias, colunista da Carta Capital, sobre os principais acontecimentos políticos da semana.
Dilma retoma fôlego
Não havia razões para relacionar a queda da presidenta nas pesquisas com as manifestações de rua. De verdade, o tombo foi coletivo
por Mauricio Dias — publicado 31/08/2013 08:06
Mesmo munido de lupa o leitor terá dificuldades de encontrar nas fotos das manifestações de rua, entre junho e julho, e dos pequenos protestos de agora faixas ou cartazes diretamente dirigidos contra a presidenta Dilma Rousseff. Naquele momento ela surfava uma popularidade inédita na história do País.
As referências indiretas, no entanto, estavam lá, no mal-estar geral que a sociedade expunha: saúde, educação, violência e o surpreendente ataque às obras monumentais dos estádios de futebol, que contaram com apoio maciço dos governos estaduais onde foram e estão sendo construídos.
Não haveria palanque melhor na eleição de 2014. Ninguém duvidava disso. Prepararam uma festa, uma Copa do Mundo, para fazer orgulho ao país do futebol. Os torcedores saíram às ruas País afora. Não distribuíam os aplausos esperados, e, sim, inesperados apupos.
Dilma não era o alvo dos protestos e não houve, naquele momento, quem tenha afirmado que a violenta e rápida queda na popularidade dela e do governo era resultado das manifestações. Não se encontrava uma explicação consistente para sustentar a perda de apoio na sociedade, em torno de 35 pontos, em pouco mais de 30 dias. Uma anomalia.
Em pouco tempo, porém, Dilma virou alvo dos analistas conservadores ou “da imprensa de direita”, como pondera com razão e ousadia o ministro Joaquim Barbosa. Eles tentaram dar o empurrão para ela cair no precipício.
Mas o tombo foi coletivo. Poucos governantes escaparam do fenômeno. Há provas consistentes da queda geral na popularidade. De alto a baixo. Números da pesquisa Ibope de meados de julho, nunca publicados pela imprensa, mostram isso.
A popularidade da presidenta, no conceito “ótimo e bom” (31%), após a queda vertiginosa (caiu de 57%), manteve-se maior, embora na margem de erro, do que a média dos governadores e dos prefeitos: 28%.
Todos eram alvo daquela surpreendente irrupção social com pouca participação popular. Dilma surpreende quando cai e quando sobe. Nas duas últimas pesquisas (Datafolha e Ibope), ela iniciou um processo de recuperação da popularidade. Voltou, segundo o Ibope, a alcançar 38% de “ótimo e bom”. Ao contrário do que se falou, a reação positiva nada tem a ver com o fim ou a diminuição das manifestações.
As melhores referências são as feiras livres e as gôndolas dos supermercados.
Na ótica do Ibope há uma correlação entre a avaliação da presidenta e a dos governadores: “De um modo geral, nos estados em que os governadores são mais bem avaliados, a presidenta também é mais bem avaliada, independentemente do partido político do governador”. Ou seja, em geral, o negativo e o positivo são creditados tanto ao governador quanto ao governo federal.
Não havia certeza sobre o que a fez perder bruscamente a popularidade que tinha, assim como agora ainda não se pode avaliar a razão pela qual está se reabilitando. E há notícias de que continua em viés de alta.
Intenção de volta
Não foi Marcelo Odebrecht quem, tempos atrás, defendeu a ideia da volta de Lula à Presidência. Quem aventou a possibilidade foi o pai Emilio.
Conversava com amigos e alguém passava por perto e ouviu.
Dilma e a reeleição
Uma força-tarefa informal do PT vai se dedicar a construir a agenda eleitoral da presidenta Dilma Rousseff para a eleição de 2014. A ficha caiu a tempo.
O que a candidata à reeleição vai dizer aos eleitores? Mais ou menos o que disse em 2010? Reiterar os compromissos sociais iniciados com Lula?
Essa tarefa pode consolidar paralelamente a reaproximação de Dilma com o PT, que terá presença mais forte no governo se ela for reeleita.
Lula é o principal articulador dessa tarefa.
A um passo do fracasso
Marina Silva, como se esperava, caiu nas malhas dos obstáculos legais no Tribunal Superior Eleitoral.
A aproximação do prazo final de registro de partidos, 5 de outubro, caso cumpram as exigências, situação próxima a um milagre, dificulta a atração de parlamentares. Sem base parlamentar, ela cai na vala comum dos partidos nanicos.
Como candidata terá o tempo igualitário das siglas sem representação, ou seja, 20 segundos e 68 milésimos.
Em 1994, com apenas 15 segundos no horário eleitoral, Enéas Carneiro conseguiu mais de 4 milhões e 600 mil votos com o bordão: “Meu nome é Enéas”.
Marina, de voz mansa e lenta, talvez não possa repetir o feito.
Queda de braço
Acostumado a impor, com sucesso, as regras do debate sobre a Ação Penal 470, chamada de “mensalão”, o ministro Joaquim Barbosa amarga derrota acachapante no Superior Tribunal de Justiça.
Há dois anos ele tenta botar em pauta, sem sucesso, o julgamento do desembargador Luiz Sveiter, ex-presidente do Tribunal de Justiça e do Tribunal Eleitoral, no Rio de Janeiro.
Ele responde a processo disciplinar por participar do julgamento de uma poderosa imobiliária carioca, cujo defensor era filho de Sveiter.
Diálogo mudo I
Estão encravadas, há dois meses, as reuniões entre os movimentos sociais que atuam na área de comunicação, a Secretaria-Geral da Presidência e o Ministério das Comunicações.
As “mesas de diálogo” esbarraram na orientação de que as “pautas estruturantes”, as que envolvem a política de Banda Larga e o novo marco regulatório, exigiam antes uma reunião com a presidenta Dilma Rousseff. Isso travou o debate.
Diálogo mudo II
Os problemas não param por aí. Há poucos dias, o ministro Paulo Bernardo enviou para Dilma o nome de um empresário ligado às empresas provedoras, em lugar de um nome da sociedade civil, que, no caso, seria Marcio Patusco, diretor do Clube de Engenharia, apoiado por mais de 40 entidades.
Dilma escolheu o nome enviado por Bernardo. Enfrenta agora uma denúncia junto ao Ministério Público para destituir o nomeado e dar composição certa ao conselho.
Por: Miguel do Rosário

Organizações Globo... contem-me agora outra piada!

domingo, 1 de setembro de 2013

Cida Moreira em Uberlândia

Ontem, dia 31 de Agosto de 2013, tive a oportunidade única de poder presenciar um evento na cidade de Uberlândia. Trata-se de uma apresentação musical relacionada ao cinema nacional e estrangeiro.

Primeiro, devo relatar o lugar onde se deu tal acontecimento. Teatro Municipal de Uberlândia, projeto de Oscar Niemeyer. Apenas o fato de estar dentro de uma obra de arte de tão imenso arquiteto já seria mais do que compensador, porém, os responsáveis pelo evento não se privaram de abrilhantar nossa noite com as apresentações musicais das quais falarei.

Ressalto que não sei os nomes de todos os artistas presentes, bem como dos organizadores por não haver nenhum tipo de programa onde pudessem ser encontradas tais informações, mas como o evento foi grandioso, não posso me furtar a comentá-lo ainda assim.

Primeiramente, houve a apresentação de um exímio pianista que acompanhava filmes mudos, ao vivo, com seu instrumento. Tivemos a oportunidade de presenciar a espetacular magia dos anos de infância do cinema, onde a fala não era possível, mas para entretenimento, juntamente com as imagens, as músicas eram executadas seguindo os acontecimentos da encenação. Os filmes escolhidos para o ato foram produzidos por ninguém menos do que Hardy e Laurel, mais conhecidos como o Gordo e o Magro, além de um fabuloso Buster Keaton. Uma magia tomou conto do espaço e me surpreendi ao ouvir as pessoas rindo de fato destas antigas comédias. Nem tudo está perdido...

Tudo estaria já perfeito se não fosse a apresentação de Cida Moreira com seu violonista. Que verdade em suas interpretações das canções de clássicos do cinema brasileiro. A noite foi brilhantemente iluminada por sua presença e postura.

Mas, nem tudo andou conforme deveria... a parte decepcionante deu-se por parte de determinadas pessoas presentes na platéia. Não há nada mais deprimente do que pessoas isoladas do mundo e que se divertem com as piadas de programas populares dominicais da televisão, seres pertencentes à mais abjeta pequena burguesia sentirem a necessidade de demonstrar erudição! Durante as canções, conversas paralelas, fotografias, portas se abrindo e fechando incessantemente... a própria artista sentiu-se incomodada e pedia a "imensa gentileza" de que as portas parassem seu movimento. 

Por que? Qual a necessidade de sentir-se superior e nem mesmo respeitar a vontade alheia de sensibilizar-se com belos momentos? Esta é a prova de que Walter Benjamin, ao escrever que o artista perdera sua aura pois a arte adentrava à capacidade de reprodução técnica, acreditando piamente que essa seria uma forma de democratização artística, estava errado. Nem todos estão preparados para enfrentar determinadas situações da arte e compreender que este é um meio de crescimento intelectual. Nos sobra, portanto, Nietzsche, quando nos afirmou que a democracia é uma inimiga quando as pessoas não sabem o que querem.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

ACHERON "Ave Satanas" (original)

Notícias do norte... e não são boas...

EUA têm mais negros na prisão hoje do que escravos no século XIX

Os índices sociais - que incluem emprego, saúde e educação - entre os afrodescendentes norte-americanos são os piores em 25 anos
29/08/2013
Dodô Calixto
O presidente estadunidense, Barack Obama, participou nessa quarta-feira (28), em Washington, de evento comemorativo pelo aniversário de 50 anos do emblemático discurso “Eu tenho um Sonho”, de Martin Luther King Jr. - considerado um marco da igualdade de direitos civis aos afro-americanos. Enquanto isso, entre becos e vielas dos EUA, os negros não vão ter muitos motivos para celebrar ou "sonhar com a esperança", como bradou Luther King em 1963.
De acordo com sociólogos e especialistas em estudos das camadas populares na América do Norte, os índices sociais - que incluem emprego, saúde e educação - entre os afrodescendentes norte-americanos são os piores em 25 anos. Por exemplo, um homem negro que não concluiu os estudos tem mais chances de ir para prisão do que conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Uma criança negra tem hoje menos chances de ser criada pelos seus pais que um filho de escravos no século XIX. E o dado mais assombroso: há mais negros na prisão atualmente do que escravos nos EUA em 1850, de acordo com estudo da socióloga da Universidade de Ohio, Michelle Alexander.
“Negar a cidadania aos negros norte-americanos foi a marca da construção dos EUA. Centenas de anos mais tarde, ainda não temos uma democracia igualitária. Os argumentos e racionalizações que foram pregadas em apoio da exclusão racial e da discriminação em suas várias formas mudaram e evoluíram, mas o resultado se manteve praticamente o mesmo da época da escravidão”, argumenta Alexander em seu livro The New Jim Crow.
No dia em que médicos brasileiros chamaram médicos cubanos de “escravos”, a situação real, comprovada por estudos de institutos como o centro de pesquisas sociais da Universidade de Oxford e o African American Reference Sources, mostra que os EUA têm mais características que lembram uma senzala aos afrodescendentes que qualquer outro país do mundo.
Em entrevista a Opera Mundi, a professora da Universidade de Washington e autora do livro “Invisible Men: Mass Incarceration and the Myth of Black Progress”, Becky Pettit,argumenta que os progressos sociais alcançados pelos negros nas últimas décadas são muito pequenos quando comparados à sociedade norte-americana como um todo. É a “estagnação social” que acaba trazendo as comparações com a época da escravidão.

“Quando Obama assumiu a Presidência, alguns jornalistas falaram em “sociedade pós-racial” com a ascensão do primeiro presidente negro. Veja bem, eles falaram na ocasião do sucesso profissional do presidente como exemplo que existem hoje mais afrodescendentes nas universidades e em melhores condições sociais. No entanto, esqueceram de dizer que a maioria esmagadora da população carcerária dos EUA é negra. Quando se realizam pesquisas sobre o aumento do número de jovens negros em melhores condições de vida se esquece que mais que dobrou o número de presos e mortos diariamente. Esses não entram na conta dos centros de pesquisas governamentais, promovendo o “mito do progresso entre nos negros”, argumenta.
Segundo Becky Pettit, não há desde o começo da década de 1990 aumento no índice de negros que conseguem concluir o ensino médio. Além disso, o padrão de vida também despencou. Além do aumento da pobreza, serviços básicos como alimentação, saúde, gasolina (utilidade considerada fundamental para os norte-americanos) e transportes público estão em preços inacessíveis para muitos negros de baixa renda. Mais de 70% dos moradores de rua são afrodescendentes.
Michelle Alexander, por sua vez, critica o sistema judiciário do país e a truculência que envia em massa às prisões os negros. “Em 2013, vimos o fechamento de centenas de escolas de ensino fundamental em bairros majoritariamente negros. Onde essas crianças vão estudar? É um círculo vicioso que promove a pobreza, distribui leis que criminalizam a pobreza e levam as comunidades de cor para prisão”, critica em entrevista ao jornal LA Progresive.
Foto: Mother Jones Twitter @bet