quarta-feira, 7 de maio de 2014

Massacre mdiático.

RIBAMAR FONSECA
Atuando como verdadeiro partido político, mas ao largo das penalidades previstas pela legislação eleitoral, a massacrante campanha sistemática da chamada Grande Imprensa contra o governo da presidenta Dilma Rousseff já está produzindo efeitos danosos à sua imagem, com inevitáveis repercussões no eleitorado, conforme atestam as pesquisas de intenção de votos. Está se confirmando, portanto, o que revelou um dos líderes da oposição, o senador Álvaro Dias, que, numa inconfidência a um blog, disse que o objetivo deles (oposição e imprensa) era desconstruir a imagem do governo com noticias negativas todo dia. Destacou que os efeitos seriam sentidos com a maturação desse noticiário no seio da população. E já se percebe claramente o resultado dessa estratégia no posicionamento de pessoas do povo.
Já se ouve, em conversas de filas de bancos e nos botecos das cidades, a afirmativa de que "o PT é um partido de corruptos". Já estão surgindo nas ruas automóveis com adesivos contendo a inscrição "Fora Dilma. E leva junto o PT". É claro que isso não é fruto apenas da campanha da mídia, mas também de uma ação planejada da oposição, que vem utilizando todos os meios possíveis para conseguir seus objetivos. Parece que estão aplicando com sucesso aquele velho dito popular, segundo o qual "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Bombardeado todo santo dia pela grande mídia com notícias negativas do governo, em que o PT é apresentado como o grande vilão dos negócios escusos do país, o leitor acaba assimilando as informações distorcidas e tendenciosas como se verdadeiras fossem. Confúcio já dizia que "uma mentira dita mil vezes vira verdade".
O Papa João Paulo II, hoje santo, disse certa feita que "quem dá importância ao fato é a imprensa". A observação procede. Se um fato relevante for divulgado discretamente, num cantinho de página, certamente perde a sua importância, mas se um acontecimento sem nenhuma importância for divulgado em manchete, ganha uma enorme dimensão. É justamente o que vem fazendo setores da imprensa brasileira, que minimizam ou omitem fatos graves, como o caso da Siemens/Alstom em São Paulo, envolvendo três governos do PSDB, e abrem manchetes a uma simples citação do nome de Alexandre Padilha numa gravação da Policia Federal, sem nenhum indício ou acusação de algo desonesto, simplesmente porque o ex-ministro da Saúde é candidato do PT ao governo paulista. E o resultado imediato é que só a leitura da manchete já leva muita gente sugestionável a condená-lo. Essa é a estratégia que vem sendo utilizada pela Grande Imprensa, articulada com a oposição, para derrotar a presidenta Dilma nas eleições de outubro.
Na verdade, tem muita coisa estranha acontecendo. Além dos vazamentos seletivos das investigações da Policia Federal, que abastecem determinados setores da imprensa com notícias contra o governo, sem que se tenha conhecimento de alguma medida destinada a punir os responsáveis, tem muita gente se sentindo encorajada a adotar atitudes ofensivas e desrespeitosas, além de palavras, contra a Presidenta. O ex-governador pernambucano, por exemplo, chamou Dilma de "faxineira", enquanto o deputado Paulinho, da Força Sindical, disse que ela deveria ir para a Papuda e um policial federal postou no Facebook uma foto em que aparece treinando tiro ao alvo numa caricatura da Presidenta. Mais do que ousadia, é um desrespeito à chefe da Nação. Ao mesmo tempo, oposicionistas de diversos partidos se revezam em críticas diárias e contundentes ao governo que, atacado principalmente por parte da mídia, se mostra acuado, na defensiva.
Parece estranho que os aliados do governo se mantenham em silêncio contemplativo diante dos ataques, sobretudo dos candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos. A senadora Gleisi Hoffmann, que vinha rebatendo todas, também já silenciou. E o PT parece acovardado, inclusive diante da atitude do ministro Joaquim Barbosa em relação a José Dirceu e José Genoino. O Planalto tem instrumentos e mecanismos para mudar o jogo ou, pelo menos, equilibrá-lo, mas apenas a presidenta Dilma tem reagido a esse massacre. No seu pronunciamento em rede de rádio e TV, no Dia do Trabalhador, ela deixou claro a disposição de luta em defesa do seu governo, com o mesmo destemor com que lutou contra a ditadura, mas não pode brigar sozinha. Afinal, aliados não servem apenas para receber benesses.
Constata-se, no entanto, que o mais perigoso opositor da Presidenta é mesmo a chamada Grande Mídia, que, com seu noticiário negativo diário, consegue dar a falsa impressão, inclusive para a imprensa internacional, de que o governo vai mal. Não fora essa escandalosa oposição da mídia, com o seu poder de influenciar mentes sugestionáveis, e o panorama seria diferente, porque o principal candidato oposicionista à presidência, o senador Aécio Neves, não consegue sozinho motivar o eleitorado. Ele tem dado demonstrações de que herdou a sagacidade política do avô, mas não a seriedade, pois os seus pronunciamentos não conseguem transmitir sinceridade. Apesar de bom orador, seu discurso soa como demagógico, em que as palavras objetivam apenas a conquista de votos. Falta alguma coisa que convença o eleitor das suas intenções. Afinal, ele apenas critica, sem nenhuma proposta.

De qualquer modo, já está passando da hora de uma reação mais efetiva a esse massacre, do contrário a reeleição da presidenta Dilma vai ficando cada dia mais difícil, como é fácil perceber pela gradativa queda nas pesquisas. Se a estratégia oposicionista está dando certo, nada mais lógico do que adotá-la também. Como ensina o velho dito popular: "Em terra de sapos, de cócoras com eles".
Fonte:http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/138614/Massacre-midi%C3%A1tico.htm 

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